Inteligência Artificial na Teleradiologia: Avanços, benefícios e considerações éticas
20/05/2025
A crescente demanda por exames de imagem, aliada à escassez de radiologistas em diversas regiões do mundo, tem impulsionado a consolidação da teleradiologia como um componente essencial dos sistemas de saúde. Nesse cenário, a inteligência artificial surge como uma ferramenta promissora para ampliar a eficiência diagnóstica e reduzir gargalos operacionais.
Segundo os relatórios mais recentes da OCDE (Health at a Glance, 2023) e do Royal College of Radiologists (Clinical Radiology UK Workforce Census, 2023), o número de exames de imagem – como tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas – cresceu de forma significativa entre 2012 e 2021 em diversos países, com aumentos superiores a 100% em alguns casos, como na Coreia do Sul. Em contrapartida, o número de radiologistas não acompanhou esse crescimento. No Reino Unido, por exemplo, há atualmente um déficit de 30% de consultores em radiologia clínica, o equivalente a cerca de 1.960 profissionais. Essa discrepância entre demanda e força de trabalho tem gerado atrasos no diagnóstico, sobrecarga dos profissionais e riscos clínicos associados a condições críticas não detectadas a tempo.
Aplicações da IA na Teleradiologia
No contexto da teleradiologia, a IA tem sido aplicada principalmente em três frentes:
- Priorização de exames: ao classificar automaticamente os casos por gravidade, a IA pode reordenar filas de laudo, garantindo que achados mais críticos sejam avaliados com mais agilidade, contribuindo para a redução do tempo porta-diagnóstico em emergências.
- Detecção automatizada de achados críticos: algoritmos são capazes de identificar sinais sugestivos de hemorragias intracranianas, fraturas, nódulos pulmonares, pneumotórax, entre outros, com níveis de sensibilidade comparáveis aos de radiologistas humanos em diversos estudos (Arbabshirani et al., 2018; McKinney et al., 2020 – Lancet).
- Padronização e apoio à decisão clínica: sistemas baseados em IA também podem sugerir descrições estruturadas para laudos, apontar inconsistências ou reforçar achados relevantes, apoiando na qualidade e segurança da prática médica.
Orquestração e Integração
Apesar dos avanços, um dos principais desafios é a integração eficiente da IA aos fluxos clínicos existentes. Soluções isoladas, mesmo que precisas, tendem a ter baixa adoção se não forem incorporadas de maneira fluida a sistemas como PACS, RIS e plataformas de laudo remoto. Para contornar isso, têm surgido plataformas de orquestração de IA, que permitem a integração de múltiplos algoritmos, auditam sua performance, e garantem interoperabilidade em diferentes ambientes hospitalares ou de teleradiologia.
Essa abordagem também permite uma governança mais robusta sobre os modelos aplicados, com mecanismos de validação contínua, atualização de versões e controle sobre a responsabilidade diagnóstica – aspecto essencial para manter a conformidade ética e regulatória.
Considerações éticas e regulatórias
A adoção de IA na teleradiologia também impõe desafios regulatórios e éticos. A FDA e a Anvisa já iniciaram processos de registro para soluções baseadas em aprendizado de máquina, mas a regulação ainda evolui mais lentamente do que a inovação. Além disso, o uso de IA requer validação clínica contínua, transparência algorítmica, e cuidados com o viés de dados, especialmente em contextos populacionais diversos. A inteligência artificial não substitui o radiologista; ela amplia seu alcance. Cabe ao profissional coordenar, validar e garantir a qualidade do processo diagnóstico assistido por IA. A literatura é clara ao indicar que os melhores resultados surgem do modelo híbrido – machine + human (Topol, 2019 – Deep Medicine).
Um exemplo prático
A CARPL.ai, solução desenvolvida na Índia, que atua como um marketplace para algoritmos de IA em radiologia, contou com o apoio da Eretz.bio para pilotar sua ferramenta no Hospital Israelita Albert Einstein. Tal ferramenta permite a orquestração de múltiplos algoritmos de inteligência artificial voltados à radiologia, com integração direta ao ambiente clínico e aos fluxos de trabalho dos radiologistas.
Validando com a Eretz.bio
A Eretz.bio atua na validação clínica de tecnologias de saúde desenvolvidas por startups nacionais e internacionais, conectando inovação a impacto real na vida dos pacientes. Seu papel é apoiar empreendedores e grandes empresas no processo de incorporar ao mercado essas soluções de forma segura, com comprovação de qualidade e alinhada às exigências do ambiente hospitalar e do setor de saúde como um todo.
Para conhecer mais sobre o escritório de validação de novas tecnologias acesse: https://www.eretz.bio/tvo/