Case GSK: Como o mapeamento de jornada do paciente contribuiu para a revisão de estratégias para a vacinação materna
31/10/2025
O Brasil, que já foi referência mundial em imunização, passou por um período de queda expressiva nas taxas de cobertura vacinal ao longo da última década. Esse cenário afetou de forma especial a vacinação infantil e materna.
Apesar de sinais de recuperação em 2022 e de avanços registrados em 2023, nenhum dos imunizantes infantis alcançou ainda as metas estabelecidas no país. Entre gestantes, a adesão à vacina dTpa indicada a partir da 20ª semana de gravidez e fundamental para proteger mãe e bebê contra difteria, tétano e coqueluche, também permanece abaixo do ideal, o que compromete a prevenção de doenças graves.
Diante desse contexto, a GSK buscou a parceria da Eretz.bio para compreender em profundidade como a jornada da gestante no Sistema Único de Saúde (SUS) influencia a adesão vacinal, além de identificar barreiras e transformar esses aprendizados em estratégias práticas para ampliar a imunização materna.
Nossa abordagem
Ao longo de 8 semanas, a Eretz.bio conduziu o projeto a partir de metodologias de inovação que são utilizadas dentro do Einstein, passando por quatro etapas:
- Discovery (Imersão) – desk research, entrevistas em profundidade e mapeamento da jornada da gestante.
- Definição (Análise) – priorização das hipóteses críticas identificadas na pesquisa.
- Desenvolvimento (Ideação) – workshop colaborativo com especialistas e equipe da GSK.
- Entrega – consolidação de aprendizados estratégicos e propostas de solução em relatório final.
Pesquisa em profundidade
Foram conduzidos:
- Entrevistas em profundidade com profissionais da saúde que atuam no setor público com: gestantes de risco habitual (21 a 34 anos, primíparas e multíparas), médicos(as) generalistas e de família/comunidade, enfermeiros(as) especializados em atenção primária e saúde coletiva e coordenadores(as) de sala de vacinação.
- Desk research sobre queda da cobertura vacinal, fake news, protocolos de pré-natal e políticas públicas locais.
- Mapeamento detalhado da jornada da gestante, da confirmação da gravidez até o acompanhamento vacinal.
O Einstein, que possui 32 unidades no setor público, teve papel essencial no aprofundamento dessa imersão, dado que revelou fatores estruturais, sociais e comunicacionais que afetam diretamente a adesão à imunização materna; tais fatores são detalhados abaixo:
7 fatores, mapeados pela jornada do paciente, que influenciam a vacinação materna
1. Comunicação fragmentada no pré-natal
Embora os profissionais de saúde conheçam o calendário vacinal, a forma como a informação chega às gestantes não é uniforme. Muitos médicos não abordam o tema da imunização, delegando a orientação à equipe de enfermagem. Essa lacuna gera insegurança, especialmente porque ainda existe confusão frequente entre dT e dTpa. A ausência de um discurso padronizado entre profissionais fragiliza a adesão da gestante, que muitas vezes não compreende claramente a importância da vacina da 20ª semana.
2. Baixo conhecimento das gestantes sobre a coqueluche
As entrevistas revelaram que poucas gestantes associam a dTpa à prevenção da coqueluche. Para a maioria, trata-se apenas de um “reforço do tétano” ou de uma “vacina da gestante”. Essa percepção limitada reduz o senso de urgência em se vacinar. Além disso, quando surgem dúvidas, muitas mulheres recorrem a buscas na internet ou à sua rede pessoal, o que pode abrir espaço para fake news e informações distorcidas. Esse cenário reforça a necessidade de campanhas educativas específicas e acessíveis.
3. O papel decisivo dos profissionais de saúde na recomendação
Outro ponto central revelado pelo estudo é a influência da recomendação médica. Gestantes que receberam orientação direta do médico demonstraram maior propensão a se vacinar. Por outro lado, quando a prescrição não é mencionada durante as consultas, a imunização tende a ser postergada ou até esquecida. Isso mostra a importância de reforçar o papel ativo de médicos e enfermeiros como agentes-chave no processo, com protocolos claros que assegurem a uniformidade da recomendação.
4. Vulnerabilidade social como fator de risco
Embora a adesão ao pré-natal seja considerada positiva em termos gerais, existem cenários de vulnerabilidade em que a cobertura vacinal é significativamente mais baixa. Adolescentes, imigrantes, mulheres em situação de rua, multíparas e aquelas com gravidez indesejada enfrentam obstáculos adicionais, que vão desde barreiras de acesso até questões emocionais. Esses perfis exigem atenção diferenciada e políticas específicas para garantir equidade no acesso à vacinação. (A queda da imunização no Brasil, CONASS, 2017).
5. Sistemas fragmentados nas UBS
O excesso de registros foi citado repetidamente por profissionais. Informações precisam ser duplicadas em prontuário físico, prontuário eletrônico, caderneta da gestante e até planilhas manuais. Esse processo pode consumir até 70% do tempo de uma consulta que dura, em média, 15 a 20 minutos; sobrando pouco espaço para escuta ativa e orientação sobre a importância da imunização.
6. Ausência de metas específicas para vacinação materna
Enquanto a vacinação infantil é acompanhada por metas e indicadores formais, a imunização da gestante não faz parte do monitoramento oficial das UBS. Isso significa que, na prática, ela pode ser preterida em relação a outros procedimentos clínicos que são avaliados em relatórios de desempenho. A ausência de metas institucionais contribui para que a vacinação materna não seja priorizada na rotina do pré-natal.
7. O contexto social e emocional da gestante
Além dos aspectos clínicos e burocráticos, o mapeamento revelou a relevância de fatores subjetivos. A existência ou não de uma rede de apoio familiar, o desejo pela gravidez e a disponibilidade de tempo para comparecer às consultas exercem forte influência na adesão vacinal. Esses elementos mostram que a jornada da gestante não é apenas médica, mas atravessada por questões sociais e emocionais que precisam ser consideradas em campanhas e estratégias de engajamento.
Resultados do projeto
A partir da pesquisa e do workshop, o projeto gerou entregas concretas:
- Entrevistados representando diferentes atores do pré-natal.
- Horas de escuta qualitativa, trazendo percepções profundas sobre gestantes e profissionais.
- Jornada da gestante mapeada e validada com especialistas.
- Horas de workshop colaborativo, com representantes da GSK, especialistas convidados e facilitadores da Eretz.bio.
- Mais de 52 ideias geradas para enfrentar os desafios identificados.
Problemas estratégicos priorizados:
- Falta de entendimento sobre as doenças preveníveis pela dTpa, especialmente a coqueluche.
- Ausência de um responsável claro pelo processo de vacinação materna no pré-natal.
2 soluções norteadoras definidas:
- Criação de estratégias de comunicação acessíveis e personalizadas para apoiar gestantes e profissionais.
- Definição de responsabilidades claras dentro das UBS para prescrição, orientação e acompanhamento da vacinação.
Impacto estratégico
O projeto ofereceu à GSK uma visão complementar sobre a jornada da gestante no SUS, evidenciando os fatores que influenciam diretamente a adesão vacinal. A iniciativa transformou dados em aprendizados estratégicos e em caminhos de solução, que podem orientar futuras campanhas de comunicação e engajamento de profissionais.
A parceria mostrou como a atuação da Eretz.bio pode conectar indústria farmacêutica e sistema de saúde, traduzindo os desafios do pré-natal em recomendações que apoiam profissionais e beneficiam diretamente gestantes e recém-nascidos
“Ao aproveitar metodologias de inovação e insights profundos sobre a jornada gestacional, identificamos barreiras críticas e focamos em soluções concretas para melhorar a adesão às vacinas. Juntos, buscamos capacitar os profissionais de saúde, apoiar populações vulneráveis e, em última instância, proteger mães e bebês contra doenças evitáveis. Essa colaboração destacou o compromisso da GSK em promover a saúde por meio de parcerias significativas e abordagens inovadoras no Brasil.” Rafael Olini – Head de Marketing Digital & Engajamento de Campo
Ao final, o estudo consolidou não apenas um retrato da jornada da gestante, mas também um conjunto de insights e soluções capazes de ampliar a proteção de mães e bebês em todo o Brasil.
